terça-feira, 3 de novembro de 2015

Dia de Finados


A morte é uma vírgula.
Uma pausa dolorida
na cadência da frase
infinita da verdadeira vida.
Alguns usam o dia de hoje para chorar.
Entendo.
Essa combinação
de tempo e distância
espreme os olhos.
Outros querem ir junto.
Se jogados
querem voltar.
A verdade é que a morte assusta
porque não tem rosto,
não tem cartão de visita,
não tem hora e local
como uma consulta.
Chega chegando,
derrubando sem perguntar.

Pra mim, a morte é uma porta.
Não anseio, nem desdenho.
Quando o sino tocar,
passarei.
Do lado de lá,
muitos outros estarão
esperando por nós.
Chore se quiser.
Sinta falta porque dói.
Mas não se desespere.

Se em nada crês...
Não há motivo para lamento.
A bateria acabou.
O gato comeu.
A fila andou.
Acabou e pó.

Se crês em algo...
Terás o céu, o nirvana,
o purgatório ou inferno.
No fim, não acaba.
Tormento ou alegrias,
seus atos dirão.
Faça por merecer
o céu ou inferno.
Se a reencarnação
está na sua lista de convicções...
Sorria entre lágrimas.
Saudades sempre estarão.
Desespero não.
A morte é uma porta
que passamos.
Os que se foram,
estão do lado de lá,
nos esperando.
Na hora do nosso passamento,
haveremos de entrar no álbum retrato
abraçando aqueles que hoje são foto.

Chore na saudade.
Mas não chore demais.
Lembre com alegria.
Não se desespere.
Haveremos de nos abraçarmos
uma vez mais.

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