quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Oração do Caboclo

Eu tinha pensadu num puema bunito que só.
Tinha umas palavra difírci de falá,
tinha umas linguage que nem eu sei dizê.
Mas o caboclim aqui num é estudado,
mal sabi lê, mal sabi conta,
o qui eu ia fazê?
Dicidi dizer só o que vinha do meu coração mermo.
Aquela indiazinha dos cabelo liso,
com aquela boquinha de beiju,
com aqueles peitinho
que cabi certinho
nas parma da minhas mão.
Ah! Deus! Não me tire a indiazinha, não
que eu morro, viu?
E não me tira aquele riacho que a gente se banha,
aquela floresta que eu respiru verdi.
Não me tira minha mãezinha
também não, viu?
Nem me tira a pinga pra mode abri o apititi,
que eu não sô santo, né?
Mas si o sinhô puder,
me dá um pouco daquela fé
que eu perdi
lá na estrada.
Quando meu pai foi se incontra com o sinhô...
Ele foi e levô minha fé imbora...
Peçu só isso, meu Deus.
Não me tire meus momento de riso,
me dá aquele punhadinho de fé
pra me aguentá nesse mundo
que tira lágrima vez por ôtra.
Vamos cumbiná assim...
Deixa quatro coisa que eu fico sartisfeito:
minha mãe, minha fé, minha pinga
e minha índia o ano intêro!

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