Observações do Shopping...

E eu nada tinha pra fazer.
Melhor olhar os rostos, os comportamentos,
as pessoas que não esperam ser observadas.
Nesse interim,
uma criança dança sozinha
em frente a vitrine, louca pelo brinquedo
que dança tanto quanto ela.
Eu queria ser aquela criança,
sem medo de ser julgada louca,
maluca, pirada,
aquela criança era só feliz!
E ninguém quer ser observado.
Quantas caras feias ao me ver:
"que que tá me olhando?"
"essa garota tá perdida?"
"porque ela tá parada aqui faz 30 minutos?"
Todos se perguntam porque eu estava ali,
parada, sentada, num banco, olhando.
Olhando? Sim, eu estava só olhando
e pensando, pensando muito.
Parar no shopping para olhar as pessoas
é constatar que estamos num mundo:
escova - descolorante - mc lanche - casa bahia.
Hoje nós não somos mais seres humanos,
somos somente consumidores
de um mundo desenfreado
que vende tudo
até seus orgãos vitais!

Mas eu não estou a venda!
E sinto que estou mais para aquela
criança doidinha
dançando em frente a vitrine,
preocupada só em ser feliz,
e foi.