terça-feira, 14 de outubro de 2014

Você não sente?
A chibatada verbal
no lombo do negro
que ainda hoje sofre
por ter cor?
Você não vê?
Sumir o vermelho
no capitalismo das cores,
sem traços, sem folclore
das nossas estórias,
perder sua história,
e com ela, seu chão?
Cantar seu canto,
perceber-se mudo
na história do mundo
onde seu povo não vingou?
Como não perceber
que engaiolaram o amor
num rótulo medieval
declamando-se antinatural
apaixonar-se por um outro ser?
Por quê?!
Eu sinto no peito a força da cor.
Eu vivo histórias vermelhas de pele,
descalças, peladas, na mata de dentro.
Minha escrita vem dos ancestrais.
Eu sinto amor e não quero rótulos,
não quero padrões,
não quero caixotes sexuais,
fechados em blocos de concretos
que se dizem sentimentais!
Eu só queria ver e ouvir
a luta da igualdade.
Não do branco com o negro.
Não do índio com o estrangeiro.
Não dos homens com outros homens.
Mas há que o negro gritar!
Mas há que o índio apitar!
Mas há que o homem amar!
O mundo negou-lhe história,
se você não se lembra...

O meu peito bate tupi,
o meu sangue tem cor,
seja ela qual for.
E o meu sexo geme de amor,
seja ele como for.

Podem calar o corpo.
Na chibata.
No tiro.
Na mudança da língua.
Mas a história permanece.
O poema continua para sempre.

Para sempre.

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