domingo, 2 de fevereiro de 2014

Quem vai gostar de mim?


Quem vai aguentar a minha inconstância?
Meus ataques de choro,
minha insensibilidade repentina,
minha impaciência
e minha infantilidade modular?
Quem vai afagar meus cabelos emaranhados
quando eu estiver destruída por um motivo banal?
(Sem dizer que é coisa boba,
sem mandar eu engolir o choro
sem achar que é coisa a-toa).
Quem vai suportar o meu roupante libidinoso
numa madrugada qualquer sem aviso prévio?
Quem não vai ter vergonha da minha risada?
Quem vai me apoiar quando eu disser
que eu quero conhecer a Nova Zelândia?
Quem vai estar ao meu lado
mesmo quando eu pedir que vá embora
porque preciso criar algo sozinha?
Quem vai aturar esses meus olhos tristonhos
escondidos numa gargalhada monumental?
Quem vai?
Quem vai ler poesia baixinho só para me excitar?
Quem vai reclamar das minhas músicas bregas,
mas não vai impor seu estilo musical?
Quem vai rir das minhas piadas sem graça,
quem vai dormir comigo
e segurar minha mão em silêncio
quando eu sentir dor?
Quem vai aturar o meu constante pedido de leitura
de algum texto maluco
que eu escrevi?
Quem vai ser assim?
Quem preenche essa vaga
difícil de gostar de mim?

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