quarta-feira, 12 de setembro de 2007



Meu Testamento

Eu não sei quando vou morrer; pode ser quando eu tiver 90 anos ou amanhã. Por causa disso eu pensei em fazer um testamento. Como eu não tenho nada de material, não sou rica, nem trabalho por salário; pensei em deixar bens sentimentais. A única coisa que tenho em abundância são sentimentos e são minhas riquezas.

Ao primeiro amor, Felipe Dondes, deixo minhas lembranças de infância, quando eu dava meu lanche pra ele, quando ficava vermelha de vergonha por ele me dar um oi e uma ameaça de morte que fiz pra defênde-lo. Eu não tinha nem 12 anos. Como essa época me parece engraçada agora...

Ao Rodrigo Furtado, minha amizade eterna, o primeiro poema, a primeira rosa... Ah! Foi dele que ganhei o primeiro anel! Foi um sonho... À ele, as primeiras rimas, os primeiros versos... Onde eu estiver, serei sempre tua amiga.

Ao Tonni, o primeiro desejo, a primeira angústia, a primeira crise, o descontrole hormonal e o primeiro perdão. Foi com ele que eu quis casar e enchê-lo de filhos. Foi por ele a primeira idéia de morrer e mais um degrau no meu amadurecimento poético. Foi com ele que eu aprendi a deixar a pessoa que agente ama livre por mais que isso me machucasse. Doeu por muito tempo, mas hoje, Tonni, não dói mais. Te deixar livre me fez uma pessoa melhor. E é muito bom poder te olhar sem medo, te tocar sem frustração, poder rir contigo com total liberdade, sem medo algum. Demorou pra eu poder dizer isso: sou tua amiga.

Ao Eduardo, minha eterna amizade. Boas lembranças, muitas risadas... Foi o Eduardo o primeiro a me mandar beijos de longe e isso me marcou tanto... E eu vou sempre lembrar dos seus olhos verdes, verdes da cor do mar...

Ao Marcos Vinícius, deixo uma amizade antiga; de outras vidas, eu sei. O gosto pelos estudos, pelos amigos, por perambular por Bangu à toa; pelos sonhos em conjunto, pelo poema: eu confio em você, eu confio em nós e principalmente eu confio em mim mesma. Ah! E, poemas, é claro! Muitos! A construção poética da época que te amava foi farta.

Aos meus professores de dança, Carlos e Anderson, obrigada por me mostrarem a beleza e prazer de ser tocada, a sensualidade de dançar à dois, a maravilha de ter mãos juntas para rodopiar no salão.

À esse menino de agora... me faz sentir desejada, bonita, importante, amada. Não sei se é exatamente do jeito que eu quero, mas... É por ele que tenho os melhores sentimentos. Tenho medo de machucá-lo, quero pegar os problemas dele pra mim por que é muito pior vê-lo sofrer. As minhas melhores poesias são para ele, meus melhores sorrisos... Ele tem o melhor abraço de todo o mundo, e ele é o único que me diz "eu te amo" tanto no telefone como olhando nos olhos. Ele é meu melhor amigo e eu tenho os melhores sentimentos: não o prendo à mim. Ele pode voar! É dele que quero cuidar, encher de mimos, de carinhos e chamar de bebê. Ele tá me fazendo sentir frio na barriga, suar as mãos e me arrumar só por causa dele. Se eu pudesse dar uma parte de mim pra ele, teria que ser o corpo inteiro porque, agora, todo o meu corpo trabalha em função dele. E ele foi o único que disse que queria casar comigo. Pode ter sido uma mentira da parte dele, mas quando eu disse que casaria com ele foi totalmente verdade. Se eu morrer amanhã, morrerei apaixonada...

As coisas materiais que tenho... Os livros aos meus alunos, meus poemas às minhas amigas de sempre (e para sempre), Patrícia e Clarissa que são as melhores mulheres que Deus poderia ter colocado em minha vida.

Aos meus pais, obrigada pela educação, amor e abrigo. E também por me fornecerem o que sempre alimentou meu espírito: a poesia. Apesar de eu achar que vocês, meus pais, não me compreenderem nesse aspecto. Todo poeta é incompreendido.

Aos meus amigos do OEC e do COROUDEB, obrigada por me fazerem descobrir como viver em grupo é bom.

Desejo que escrevam na minha lápide : " A vida é uma planta cheia de espinhos, negra d'amarguras, onde só nascem duas flores puras: a poesia e o amor." Álvares de Azevedo.

Acho que agora posso morrer.

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