Você
não sente?
A
chibatada verbal
no
lombo do negro
que
ainda hoje sofre
por
ter cor?
Você
não vê?
Sumir
o vermelho
no
capitalismo das cores,
sem
traços, sem folclore
das
nossas estórias,
perder
sua história,
e
com ela, seu chão?
Cantar
seu canto,
perceber-se
mudo
na
história do mundo
onde
seu povo não vingou?
Como
não perceber
que
engaiolaram o amor
num
rótulo medieval
declamando-se
antinatural
apaixonar-se
por um outro ser?
Por
quê?!
Eu
sinto no peito a força da cor.
Eu
vivo histórias vermelhas de pele,
descalças,
peladas, na mata de dentro.
Minha
escrita vem dos ancestrais.
Eu
sinto amor e não quero rótulos,
não
quero padrões,
não
quero caixotes sexuais,
fechados
em blocos de concretos
que
se dizem sentimentais!
Eu
só queria ver e ouvir
a
luta da igualdade.
Não
do branco com o negro.
Não
do índio com o estrangeiro.
Não
dos homens com outros homens.
Mas
há que o negro gritar!
Mas
há que o índio apitar!
Mas
há que o homem amar!
O
mundo negou-lhe história,
se
você não se lembra...
O
meu peito bate tupi,
o
meu sangue tem cor,
seja
ela qual for.
E
o meu sexo geme de amor,
seja
ele como for.
Podem
calar o corpo.
Na
chibata.
No
tiro.
Na
mudança da língua.
Mas
a história permanece.
O
poema continua para sempre.
Para
sempre.
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