Daqui há 500 anos

o que sobrará da minha lembrança?

O que será Carla Luz?

Um nome já esquecido,

uma lembrança viva,

nada?

E se eu deixasse

um baú?

Pra ser achado,

nele o que teria?

Com certeza uma foto sua,

um poema,

o seu casaco esquecido.

Um foto minha

pra lembrar quem amou.

Um pouco do que me fez sorrir,

Michael, sorvete, cinema, Vinícius,

Augusto, Pedro, Allan, coral...

Mas se eu colocasse todas as folhas

usadas pra escrever à ti,

precisaria, quem sabe,

de dois ou três baús.

Deixaria meu endereço eletrônico...

quem sabe ainda exista internet

ou um museu dela.

Deixaria registrado cada pensamento,

cada sentimento de felicidade.

Principalmente àqueles que você faz parte.

Não sinta-se exclusivo!

Eu amei outros também,

e para cada um deles,

quem sabe, um baú?

Mas seria possível

só esta alma pequena

possuir tantos baús internos

que queira deixar pra posteridade?

Seria permitido?

E se eu pudesse deixar uma única folha

dentro desse baú,

dessa capsula do tempo?

O que eu colocaria nelas?

Além do seu nome,

um verso dizendo que amei.

Amei mais do que a mim mesma,

que valeu a pena

as lágrimas, o sangue,

as dores, as alegrias, as amizades...

por que eu tive coração.

Amei vivendo,

e vivendo amei.

Fica para o futuro

futurista o meu amor.

Essa alma confusa, louca,

infantil, chorosa e apaixonada!